6 de ago. de 2012

Falando Sério





Defesa de Dirceu abre argumentação dos réus do mensalão nesta segunda



Os advogados dos réus do processo do mensalão começam nesta segunda-feira (6) a apresentar argumentos em defesa de seus clientes. A terceira sessão do maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF) começa às 14h.
Quem abrirá o dia, considerando a ordem prevista pela presidência do Supremo, será o advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, primeiro réu na denúncia do Ministério Público Federal.
Até setembro, os ministros do STF decidirão se condenam ou absolvem os 38 acusados de envolvimento em esquema de pagamento de propina em troca de apoio ao governo no Congresso.
Cada defensor terá uma hora para a sustentação oral, que deverá rebater as acusações feitas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
As sustentações orais seguirão a ordem da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR). A expectativa é de que as manifestações dos defensores se estendam por, pelo menos, oito sessões.

Acusações e defesa

 Estão agendadas para esta tarde as defesas de José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoíno e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. O trio é acusado pela PGR de integrar o núcleo político do escândalo de corrupção.
Também devem se manifestar os defensores de Marcos Valério Fernandes de Souza e Ramon Hollerbach, suspeitos de operar o mensalão, ou seja, de obter recursos que financiaram o suposto esquema.
O primeiro a testar a retórica diante dos 11 ministros da Suprema Corte será o advogado José Luís de Oliveira Lima, defensor de José Dirceu. Cassado pela Câmara dos Deputados em 2005 por conta das denúncias, o ex-chefe da Casa Civil é apontado pelo Ministério Público como o "líder da quadrilha".
Na visão do MP, o ex-ministro teria estabelecido, ao lado de correligionários, "um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais".
"O objetivo era negociar apoio político ao governo no Congresso Nacional, pagar dívidas pretéritas, custear gastos de campanha e outras despesas do PT", ressaltou Gurgel em suas alegações finais.

'Maculou gravemente a República'

Após quase cinco horas de argumentação nesta sexta (3), Gurgel afirmou que o caso “maculou gravemente a República”. Ele pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e requereu a expedição dos mandados de prisão "cabíveis" assim que o julgamento terminar.
Veja abaixo parte das argumentações da defesa de alguns réus dadas ao G1 em entrevistas publicadas desde o fim de julho - confira aqui acusação e defesa dos réus.


 
O ex-ministro José Dirceu durante seminário em Brasília em setembro de 2011 (Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil)

 
 
 

 
José Dirceu
O
advogado José Luís Mendes de Oliveira Lima classifica como "ficção" a denúncia do mensalão. "Essa afirmação nada mais é do que uma uma ficção feita pelo Ministério Público,que em momento algum comprovou as suas afirmações. [...] Não é verdade a afirmação feita pelo Ministério Público da suposta existência do mensalão. Não há nos autos nenhuma prova, nenhum documento, nenhum depoimento neste sentido. O que há nos autos é exatamente o contrário. Todas as testemunhas que foram ouvidas durante a ação penal 470 desmentem categoricamente a afirmação feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson que foi cassado porque mentiu.” Leia entrevista completa.


O ex-presidente do PT José Genoino, um dos 38 réus do mensalão (Foto: Mauricio Lima / AFP)
 
José Genoíno
O advogado Luis Fernando Pacheco afirma que ele só era responsável pela “articulação política” do PT e que “questões financeiras” ficavam somente a cargo do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. “Nós acreditamos que o mensalão não existiu. O que houve foi acertos entre as coligações partidárias. [...] O Genoino, que é uma pessoa muito boa, na minha avaliação pessoal, se tornou uma pessoa mais amargurada. É um homem que não tem uma história de vida pobre, um homem que optou pela luta armada, viveu no Araguaia como camponês, foi preso, torturado. Ele venceu na vida pública, na defesa de seus ideais, e na defesa constante do que ele achava que era melhor para o país. De repente, ele foi tolhido por uma acusação leviana do Roberto Jefferson, que não é uma pessoa de fala coerente, que muda versões conforme o sabor do momento. Ele se tornou uma pessoa mais amargurada e triste por isso.” Leia entrevista completa.



Delúbio Soares (foto), tesoureiro do PT, tem os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados, ao lado de Roberto Jefferson, José Genoino e José Dirceu. Com os indícios da participação de Delúbio no esquema, o PT decide em outubro expulsá-lo do partido. (Foto: Evaristo Sá/AFP)
 
Delúbio Soares
O advogado Arnaldo Malheiros Filho afirma que o cliente não aceita assumir responsabilidade pelo que não fez. "A acusação não aponta uma única pessoa que tenha recebido o dinheiro mais de uma vez. Quem criou esse termo foi o Roberto Jefferson [ex-deputado, presidente nacional do PTB e um dos réus no julgamento do mensalão]. Na sua defesa final, escrita, fala que o termo foi retórico e não fato. [...] Desde o seu primeiro depoimento na CPI dos Correios, há sete anos, o Delúbio assume o uso de recursos não contabilizados, repassados para os partidos da base aliada, cumprindo determinação da executiva nacional do PT. Ele assume a responsabilidade por tudo que fez, mas não aceita ser acusado pelo que não fez. Ele acredita que, para demonstrar inocência, não é necessário acusar ninguém, até porque o caráter dele impede que o dedo endureça."
Leia entrevista completa.



Marcos Valério durante depoimento à CPI dos Correios, em 2005 (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
 
Marcos Valério
O advogado Marcelo Leonardo afirmou que o "fato não existiu". “A denúncia é improcedente, pois o Ministério Público Federal não conseguiu demonstrar as acusações contidas na denúncia. O procurador-geral não conseguiu provar que o Marcos Valério criou o esquema." Leia entrevista completa.


  
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